Vácuo

Não estou sonhando, mas apenas sinto os tremores e um ruído.
Sem som, oco, me escondo dentro de um vácuo quente e sem saída.
Aqui é onde você nunca vai chegar, e quase ninguém vai ouvir dizer, aqui é onde respiro.
Minhas mãos suam, um suor frio e amargo, secretam este meu medo.
Deus, quem é capaz de dizer estas coisas. Deus que não existe alem dos meus ditados, de minhas palavras irritantes.

Aquilo que poucos vivem, muitos sonham.

Meus ouvidos se selam, me separando da realidade, para dentro de um mundo exclusivo, sem anjos ou demônios. Certos ou errados.
Eu contorno meu desespero dia após dia, não desisto da luta, e não gosto de fingir.
Falo das partes chatas, daquele suspiro que todos dão, e que eu aprendi a laçar com palavras. Eu transpiro sua mentira, eu sou capaz de odiar o que amo, e perdoar sem razão.
Me deixo levar por aqui, me deixo existir aos pedaços.
Me atiro sobre rochedos, rasga meu peito. Eu não pertenço a isto.
Olho os sorrisos inocentes, me intrigam, mas não me comovem. Passo horas camuflando insanidades, pra me desprender a cada dia mais do que eu não mereço.
Apenas sinto as batidas do meu coração dentro de uma caixa. Sufocado. Prensado e batendo.
Eu não estou sendo claro o bastante pra atingir seu espírito.
Talvez eu nunca consiga realmente me fazer acreditar. Uma longevidade abortada.
Preciso ir, preciso respirar...