Caixas

Dentro desta caixa sem fechaduras, deste pequeno baú, contendo segredos e historias, nunca ditas, jamais escritas, porém vividas. As historias que criamos quando acreditamos em algo, ou os dramas que passamos quando amamos, acreditamos, e cuidamos.
Dentro dessas caixas nos sorrimos, lutamos por quem não luta por nós, e as vezes perdemos. O que mais necessitamos alem de estarmos bem, com as mãos dadas ao caminhar pela escuridão, e se ver protegido, sem medo de errar, ou de arriscar.
O que eu escrevo talvez represente o que penso, talvez eu devesse ser impedido, antes que minha caixa se abra, talvez você jamais entenda realmente do que estou falando, do que reclamo ou resmungo.
Qual o sentido quando nos encontramos? E nos distanciamos. E vivemos assim. Talvez eu devesse parar por motivos meus, por traição, por doença ou por apenas pecar, mas eu creio que me sinto obrigado.
A música da minha vida é clássica, como uma orquestra sinfônica, explodindo em segundos e se calando subitamente, apenas deixando ecoar o que antes era concreto.
E sei que acabarei flertando com a insanidade, mas ela não pede por favor, não permite que você reaja, ela se impõe e se mostra forte. Mas creio que se não me matasse Me faria bem, pra esquecer tudo aquilo que vejo ou aquilo que passei. As caixas que nunca foram abertas. As viagens que nunca farei, e caminhos que nunca meus pés tocarão. Dentro desta pequena e insana mente se constrói um labirinto de duvidas e verdades, sem saída.
A lucidez é tomada pelo impulso, e gosto quando isso acontece. É puro, natural, onde eu chego sem força, sem a necessidade de sentir dor, ou procurar motivos pra isso. Você acredita? Eu Me sinto vivo toda vez que você parte, e me engano toda vez que penso que vai me deixar. Qual o sentido quando tudo é adeus?
Eu abri a caixa que continha seus segredos e coloquei os meus, e dentro dela, no escuro, o que existe em mim se mistura com o que existe em você. Uma única bagunça. E você retira de mim os medos, e as coragens.
Lentamente eu escapo de onde eu me escondo. Lentamente eu me escondo quando consigo escapar.