Anestesia


Mais uma vez sou refém do desespero. Da angústia que flerta com minha vida, de onde eu não sou capaz de sair. Mais uma vez eu confesso a agonia das madrugadas fervorosas, onde a mente em parafuso procura uma saída sem sucesso. Mais uma vez eu reporto nestes pequenos textos o sabor de ser autêntico assassinado por não ter a permissão de ser. Mais uma vez eu digo à vocês sobre um planeta que poucos tem coragem de visitar, e que uns sequer sabem que existe.

E divido minhas palavras em etapas como a vida, separo o bom, mas absorvo o mal. Do que não poderei ser, do que não nasci pra ser, de onde não poderei sair, e pra onde nunca poderei ir. A pior morte que se pode ter. Vivo aos olhos do povo, morto aos olhos de Deus. Não espero consideração, muito menos um perdão.

E o tempo não perdoa ninguém. E por incrível que pareça, gostaria que novas marcas fossem cravadas em meu rosto, mas não consigo mais. Não suporto mais apenas olhar, não consigo mais passar desapercebido em meio a um amontoado de incoerências. Nós, sim, nós, nos isolamos dos que nos renegam, dos que não são capazes de enxergar, ou que na sua maioria não fazem questão de tal, porque a frustracão que essas pessoas possuem, são o pior sentimento que existe, e não admitem você.

Algumas vezes transformo em metáforas o que sinto, para suavizar a verdadeira sensação que esmaga meu ser. Minhas migalhas de serenidade espalhadas pelo chão.